Tieta (1989), novela reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, tem em sua trama principal uma crítica ao conservadorismo e ao moralismo da sociedade. O autor Aguinaldo Silva incluiu também uma alfinetada à Ditadura Militar (1964-1985) no Brasil. Um detalhe na cena da expulsão de Tieta, na primeira fase da novela, faz referência a um dos atos mais tenebrosos do período. No início da novela, Tieta (Claudia Ohana) é uma moça muito liberal, que vive de acordo com seus desejos, o que vai contra os costumes e as proibições da época. O pai da jovem, Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos) a flagra na cama com um homem, e a partir daí a vida da protagonista tem uma virada. Furioso com o que viu e influenciado pela maledicência de Perpétua (Adriana Canabrava), que sentia muito inveja da irmã, Zé Esteves decide expulsar Tieta da casa da família. Aguinaldo Silva incluiu um detalhe na cena de expulsão de Tieta: um calendário mostra que a data em que a jovem é escorraçada de Santana do Agreste é 13 de dezembro de 1968. Neste dia, foi promulgado o Ato Institucional número 5, ou AI-5, que deu início ao período mais sombrio da ditadura. O decreto permitiu a cassação de políticos eleitos nas esferas federal, estadual e municipal, autorizou o presidente do país a intervir nos governos estaduais e municipais e determinou a suspensão de direitos e garantias constitucionais individuais. Na prática, o governo ficou mais duro com supostos oposicionistas e subversivos, endureceu a perseguição e intensificou práticas como tortura de presos políticos e censura na imprensa e nas artes. Na novela, Zé Esteves arrancou a folha de 13 de dezembro de 1968 do calendário e disse para Tieta fingir que o dia em questão nunca existiu. Humilhada e abandonada, ela vai para São Paulo, onde tem sucesso na vida. Vinte e cinco anos depois, Tieta --agora vivida por Betty Faria) volta a Santana do Agreste, rica, belíssima e determinada a se vingar de todos.

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