Enquanto 'Três Graças', de Aguinaldo Silva, assume o horário nobre, a briga por 'Vale Tudo' continua nos bastidores e pode parar nos tribunais
“Vale Tudo” já acabou mas ainda segue rendendo polêmica a novela que foi substituída por “Três Graças” de Aguinaldo Silva no horário nobre da TV Globo. O remake, assinado por Manuela Dias, que é acusada de proteção interna do "todo-poderoso" da emissora, trouxe de volta aos telespectadores uma das histórias mais marcantes da teledramaturgia brasileira, mas acabou provocando uma grande controvérsia fora das telas e pode até parar na Justiça.
O motivo? O viúvo do autor original, o decorador Edgar Moura Brasil, fez críticas públicas contundentes à adaptação, afirmando que a releitura “destruiu” o legado deixado por Braga. O casal viveu junto por 48 anos, e Edgar teria se sentido pessoalmente atingido pela forma como a obra foi reinterpretada.
Segundo informações divulgadas pela coluna da revista VEJA, o advogado Ricardo Sevecenco, especialista em direitos autorais, explicou que Edgar pode processar a Globo caso se comprove que houve descaracterização da obra original.
Se isso acontecer, a emissora poderia ser condenada a pagar 10% do faturamento total arrecadado com o remake, valor que, de acordo com estimativas, poderia chegar a R$ 200 milhões.
O advogado pondera, no entanto, que o tema é delicado. “De um lado tem a Globo, que divulgou um remake, ou seja, uma nova versão, o que podemos considerar uma adaptação. Para se adaptar, precisa ter os direitos, e entendo que ela tem. Do outro lado, o viúvo e familiares afirmam que a adaptação ‘se perdeu’, que os créditos aos autores originais foram poucos e mencionaram as mudanças substanciais”, explicou Sevecenco.
A questão central gira em torno do direito moral do autor, que permite aos herdeiros contestar alterações que distorçam a essência de uma criação artística. “O direito moral sempre pode ser questionado pelo viúvo ou familiares, caso entendam que o autor não foi creditado adequadamente ou que a adaptação deturpou de forma grave o ‘espírito’ da obra original”, completou o advogado.
Segundo ele, avaliar se houve descaracterização exige um perito judicial, que analisaria detalhadamente as duas versões da novela. “Mas o quanto se descaracterizou é algo muito subjetivo. Seria um caso bem complexo”, afirmou.
A produção assinada por Manuela Dias dividiu opiniões desde sua estreia. Alguns fãs elogiaram a modernização do enredo e a inclusão de temas atuais, enquanto outros criticaram as mudanças em personagens e diálogos icônicos da versão de 1988.
Apesar das críticas, Edgar Moura Brasil ainda não confirmou se pretende realmente mover uma ação judicial contra a emissora. A TV Globo, por sua vez, não se pronunciou oficialmente sobre o caso até o momento.
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