Expoente mundial há décadas no universo das telenovelas, o Brasil ainda engatinha no mercado de séries e filmes, mesmo com plataformas de streaming internacionais investindo cada vez mais no país. Claro que há projetos que furam a bolha e fazem sucesso em outros países, como o filme Caramelo (2025), da Netflix, ou Beleza Fatal (2025), da HBO Max, mas eles são raros. Por que ainda estamos tão longe da potência frequente de países como Coreia do Sul, Espanha e Turquia?
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Para a executiva Monica Albuquerque --que já trabalhou na Globo e na Warner Bros. Discovery e atualmente lidera o desenvolvimento de conteúdo na Telemundo, braço da NBCUniversal voltado para o público hispânico nos Estados Unidos--, falta aos produtores e aos criativos brasileiros uma visão mais global na hora de escolher quais projetos audiovisuais desenvolver.
"Só neste último ano eu comecei a sentir um pouco mais de interesse do Brasil em olhar para o resto do mundo, em se comunicar com outros mercados. Talvez tenha ocorrido por causa da crise brasileira, mas era um movimento que já deveria estar acontecendo. A gente vê que a língua não é mais uma barreira, porque todo mundo consome conteúdo em coreano, em turco... Não há motivo para o país não estar nessa locomotiva também, a não ser o desconhecimento", diz Monica em conversa exclusiva com o Notícias da TV.
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"Vou dar um exemplo muito simples, corriqueiro, de adaptação. Eu pedi um projeto para uma escritora brasileira [para desenvolver na Telemundo], tinha algumas características que eu precisava, uma coisa familiar, com a construção de um triângulo [amoroso] e tal. E ela me mandou um negócio muito bem estruturado, mas o disparador desse triângulo era que uma das pontas era uma empregada vivendo na casa dos patrões, e aí o patrão inicia uma relação com essa funcionária", lembra a executiva.
"Só que isso, nos Estados Unidos, jamais seria um disparador possível, porque essa situação da empregada vivendo na casa dos patrões não existe no país. Eu tive essa conversa com a escritora, e ela inteligentemente propôs a solução: é uma estudante estrangeira que alugou um quarto na casa de uma família. Pronto, beleza, a gente tem a mesma situação, mas dentro de uma organização cultural e social adequada", continua.
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"Então, acho que falta um pouco aos criativos brasileiros aprender a pensar a partir dessas novas perspectivas. Você vê que a mudança é pequena, quase nada, mas agora o conteúdo vai viajar com mais facilidade. O Brasil acabou ficando culturalmente numa bolha, falando muito sobre o próprio Brasil --o que é ótimo também! Mas a gente precisa entender que, para viajar, num mercado globalizado, não dá para precisar ficar explicando tudo, entendeu? Você precisa criar situações que funcionem em qualquer lugar", ressalta Monica.
A executiva aponta que, mesmo em um contexto globalizado, é possível manter a brasilidade do projeto. "É óbvio que você vai falar sobre essas coisas sob uma perspectiva e uma ótica locais. Isso é fundamental, a gente manter o olhar cultural local. Mas tem que armar as histórias numa estrutura que seja facilmente compreendida em qualquer tipo de cultura", ela ensina.
arquivo pessoal
Quem é Monica Albuquerque? Brasileira desbrava o mercado latino e lidera 25 projetos na TV dos EUA
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Monica Albuquerque (à esq.) com executivos da Telemundo; visão global
Monica Albuquerque sabe do que está falando: ela trabalhou em projetos como Chespirito: Sem Querer Querendo (uma série sobre um ícone mexicano, mas que funciona nos vários países em que Chaves e Chapolin fazem sucesso até hoje) e a própria Beleza Fatal (novelão com todo o sabor tupiniquim, porém com uma história de vingança que é universal).
Ela faz questão de espantar qualquer complexo de vira-lata: "Eu sempre fui e sou defensora de que o Brasil tem muito a dizer para o mundo, né? Eu acho que a nossa história, inclusive de resistência política, essa coisa que falamos de o brasileiro ser um forte, que não desiste nunca, traz uma maneira de lidar com os problemas de frente. Nós gostamos de falar sobre os nossos problemas, de refletir. Tem muita DR nos conteúdos brasileiros, e isso é muito legal. Porque, de uma forma geral, você encontra muito conservadorismo, muita hipocrisia em determinados conteúdos. E os conteúdos brasileiros são interessantes por isso, por essa coragem de enfrentar, de falar".
Então, tenho essa convicção de que o Brasil, de fato, tem uma contribuição a dar. Ele tem muito a dizer para o mundo. O brasileiro é muito criativo. Acho que o que precisa é um pouco desse desejo de se abrir mais, de entender que, em um processo de comunicação, você precisa ser compreendido pelo outro, senão não adianta. É uma via de duas mãos.
A executiva ainda aponta uma evolução nos modelos de negócio do audiovisual brasileiro, que finalmente começa a se abrir para as possibilidades de parcerias com produtoras estrangeiras. "O mercado brasileiro se organizou muito em cima de contratos de exclusividade ou de incentivo público, né?", lembra Monica, que continua: "Eu vou muito a feiras de conteúdo por aí, e vejo que a conversa agora é essa: está todo mundo querendo fazer parceria, está todo mundo querendo se juntar. Então, eu acho que esse movimento começou a ser percebido no Brasil".
Até a todo-poderosa Globo se associou à alemã Beta Film GmbH para produzir a série Disciplina e à britânica BBC para um documentário sobre a Amazônia. "As pessoas estão entendendo que tem aí um dinheiro em cima da mesa, por assim dizer, que não está sendo buscado por ninguém. E é exatamente esse o movimento das parcerias, né? Você se une a alguém com quem possa ter alinhamento estratégico aos objetivos do seu negócio."
"Esse lado da venda é um que a gente ainda precisa desenvolver muito no Brasil. E também, olhando de fora, da perspectiva externa, vejo que às vezes as negociações são muito duras, são muito agressivas, então é preciso entender essa língua, até para conseguir uma negociação melhor", ela ensina.
"No fundo, o que eu vejo é que a oportunidade existe, sabe? E ela é grande, ela é importante. A questão é que a gente, como brasileiro, precisa aprender. E a gente precisa se abrir; porque, quando a gente aprende --e brasileiro aprende muito rápido (risos)--, a gente consegue romper essa barreira e fazer a diferença", crava a executiva à reportagem.
Está na hora de o Brasil se organizar e invadir o mercado, porque tem tudo para isso: tem muito talento, gente! É impressionante o talento brasileiro. Então, tem espaço, porque para talento sempre tem espaço, só tem que se organizar.👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀👀
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